
No começo de Janeiro, o Brasil se deparou a um enorme escândalo financeiro envolvendo as “Lojas Americanas”, onde bilhões de dívidas da empresa estavam “escondidos” em linhas ligadas a “Fornecedores”. Quem tornou isso público foi justamente o CEO em exercício na ocasião, Sergio Rial (hoje não mais ocupa a cadeira).
A notícia do rombo colocou sob os holofotes um antigo e polêmico assunto: a cultura empresarial da 3G Capital, gestora que implanta uma cultura de metas agressivas e obcecada por resultados financeiros. Um dos “mantras” da gestora é justamente postegar ao máximo os pagamentos aos fornecedores: 90 a 120 dias são praxe, não sendo incomum prazos de até 180 dias. Isso sem falar das metas de descontos sobre volume negociado que, em médio e longo prazo, quebram muitos fornecedores.
No mercado de Serviços como, por exemplo, “Recrutamento e Seleção” (segmento onde atuo como empresário / Headhunter há 12 anos), é normal existir uma negociação em cima do fee padrão, especialmente em casos de garantia de volume. No entanto, em nossa organização, costumamos nos retirar em casos de negociação que envolvam parcelamentos e/ou pagamento após 30 dias (nosso default é bem inferior a isso).
Como nosso negócio não envolve recorrência (todo mês “matamos um leão”) e não tem a mesma previsibilidade de outros segmentos, fluxo de caixa é algo extremamente sensível para nossa organização. Não entro em juízo de valor em relação as empresas que topam o “modelo 3G”. Mas, definitivamente, é um caminho que nunca teríamos condição de percorrer.